quarta-feira, 15 de abril de 2009

Muito além de um sonho...

Oi Pessoas,

Há uma longa história para contar e vou tentar fazê-lo aos poucos, mas antes quero ressaltar o objetivo do blog... a ideia é um diário virtual que possa servir de apoio e incentivo para pessoas que vivem situação semelhante à minha e que tenham vontade e indicação para cirurgia bariátrica – gastroplastia – redução de estômago.

Pois bem... eu não sou obesa mórbida. Já fui em alguns momentos da vida, mas hoje estou com 17 quilos a menos que o meu peso máximo. Como a grande maioria que sofre de obesidade, o processo vem de muitos anos, desde a infância. Sou de uma família, literalmente, obesa... pais, tios, primos, etc... no total já são 9 casos de familiares que se submeteram ao procedimento cirúrgico.

O meu histórico é antigo. Aos 12 anos de idade comecei a fazer dietas com endocrinologistas, alcançava resultados positivos e logo voltava a ganhar peso. Um pouco mais tarde, comecei a passar férias escolares em spa, freqüentava “Vigilantes do Peso”, nutricionistas, etc. Logo depois, parti para tratamentos loucos de todas espécies, remédios contra-indicados, as famosas bolinhas, gotinhas, dietas da lua, do sol, da sopa, shakes e tudo mais que possa existir por aí!

Há três anos e meio, após a gravidez do meu filho, cheguei ao meu máximo de 108 kg. Depois disso, fiz um voto de cortar chocolate, refrigerante e pizza e nunca mais ingeri estes alimentos. De cara, eliminei 10 kg e depois mais 7. Hoje, com IMC 36, sinto dificuldade de continuar perdendo peso e optei pela gastroplastia.

E o principal motivo que me levou a tomar a decisão vem de uma história de final triste que não posso omitir. Minha mãe foi obesa durante muitos anos, fez a cirurgia bariátrica bem-sucedida em 2000, emagreceu mais de 30 quilos e viveu muito feliz. Acontece que, em decorrência de sérios problemas adquiridos ao longo de uma vida “gorda”, ela foi obrigada a se submeter a uma cirurgia ortopédica e faleceu no pós-operatório de embolia pulmonar, exatamente igual à minha avó 40 anos antes.

Tudo isso mexeu, essencialmente, com a minha pessoa... a genética, o histórico semelhante que eu tenho seguido e enfim, não quero privar o meu filho de ter mãe por muitos anos (aliás, deveria existir uma lei que determina que mãe não morre!). Além disso e acima de tudo, quero traçar um final feliz para a minha vida!

Não posso dizer que tenho o apoio de todos os meus. Embora, há tempos, já venha falando sobre a possibilidade, ninguém leva muito a sério. Na época da minha mãe o meu pai foi totalmente contra e depois se conformou com a ideia. O meu marido segue os mesmos passos... ainda não se convenceu de que é o melhor, mas respeita a decisão e já é o primeiro passo.

E então... procurei o plano de saúde, me informei sobre os médicos em Brasília e comecei a correr atrás. Descobri o Dr. Sérgio Arruda, marquei uma consulta e ouvi dele que, mesmo não tendo o IMC 40 – que caracteriza a obesidade mórbida – eu tenho a indicação cirúrgica porque apresento co-morbidades, ou seja, problemas decorrentes do excesso de peso.

A partir disso, começa uma grande trajetória. A minha primeira consulta foi no dia 3 de abril de 2009 e estou correndo contra o tempo.

A princípio, são obrigatórios os laudos dos seguintes profissionais: Nutricionista, Psicólogo, Cardiologista, Endocrinologista e Pneumologista. Como temos a missão de provar as co-morbidades, ainda vou precisar ser avaliada pelo Neurologista, Ortopedista, Oftalmologista e o Hematologista.

Sim, é uma saga de médicos e exames. Alguns demoram a ser marcados, outros têm vaga só para o próximo mês, etc... tudo isso gera uma absurda ansiedade. Mas estou lutando para me controlar!

Vou fazer aqui um resumo do que já aconteceu até hoje e nos próximos dias darei continuidade em um tópico específico.

No dia 11, pela manhã... sim, sábado de aleluia (eu quero mais é que a coisa ande!): Endoscopia no Laboratório CIMI.
Exame famoso de chato, mas indispensável... a única recomendação era que eu fosse acompanhada e a minha cunha foi comigo. Me deram um sedativo, fiquei grog e foi rapidinho! Logo estava em casa de volta, com a garganta um pouco irritada, mas bem tranquila. Dormi um soninho básico e a tarde eu estava zerada! Ah... futriquei o exame, li o resultado e apareceu uma tal pangastrite enantematosa. Confesso, fui pro google ver o que vem a ser isso. Fiquei péssima pensando que pode levar a um tratamento que protele a cirurgia, mas seja o que Deus quiser. E prometi a mim mesma que não recorro mais ao google!

No dia 13, a tarde: Consulta com o oftalmologista – Dr. Rodrigo Almeida.
E vocês devem se perguntar: mas o que o olho tem a ver com o peso? Bem, o médico suspeita de um pseudo tumor cerebral, comum nos obesos, que afeta a visão periférica. Fui realizar um exame de campimetria computadorizada. Parece um teste psicotécnico. Toda vez que disparava um flash de luz, eu tinha que apertar um controle remoto – quase um playstation!

No dia 13, a noite: Palestra com o Dr. Sérgio Arruda e sua equipe no auditório do Hospital Santa Lúcia.
Esta palestra é realizada em todas as segundas segundas-feiras do mês e também é obrigatória para a conclusão dos procedimentos pré-operatórios. E ainda que não fosse obrigatória, é fantástica, esclarecedora. A equipe explica todo o processo cirúrgico. Começou pela nutricionista falando sobre os hábitos alimentares e depois veio a parte psicológica. Em seguida, falou sobre o ato cirúrgico e os tipos de cirurgia bariátrica. E mais tarde o público se interage numa sessão de perguntas e respostas entre candidatos à operação e operados. Sensacional! Saí de lá com a certeza absoluta de que é isso o que eu quero!

No dia 14, logo cedo: Centro Diagnóstico de Brasília.
Tentei concentrar o que deu em um mesmo laboratório e cheguei antes das 7. Acreditem! Demorei tanto para ser atendida que passou do horário de colher o sangue para o tal do cortisol. Este exame exige que a coleta seja feita entre 8 e 9 da manhã e só fui atendida depois do horário. Momento tenso! Mas fiz o raio-x do tórax e em seguida fui para a coleta do sangue para os outros exames. Acreditem novamente... fui picada 7 (SE-TE) vezes e não conseguiram coletar o meu sangue. Prefiro não tecer comentários!
Logo após eu fiz uma ecografia geral e já fui informada que estou com gordura no fígado. Ponto pra co-morbidade!

No dia 14, a noite: Psicóloga – Dra. Simone.Fui à minha primeira avaliação com a psicóloga da equipe do Dr. Sérgio. Foi mesmo só uma avaliação, perguntas e respostas, questionários e a proposta de participar de uma terapia pré-operatória em grupo. Topei, óbvio! Serão 5 sessões e começaremos no próximo dia 28!

Aí... dei uma super sorte... a Nutricionista – Dra. Mariana, estava lá e, gentilmente, me atendeu, evitando que eu precisasse voltar lá hoje para a consulta que estava marcada. Pronto! Me apaixonei por ela e agora? Linda, extrovertida, falante, prática... ficaria aqui um dia inteiro tecendo elogios pra moça. E ficamos mais de uma hora falando de alimentação, claro! Contei a ela meu diário alimentar e sem o menor pudor, relatei sobre o Mc Donald’s exacerbado que eu consumo. E também disse da disposição para mudança de todos os hábitos. E ela já traçou um plano alimentar para os próximos dias que antecedem à cirurgia. E pasmem... hoje, antes das 7 da manhã, estava eu no supermercado comprando leite em pó desnatado, adoçante, pão light e 5 minutos depois, comi uma banana e agora, três horas mais tarde, comi uma pera! Pode parecer ridículo, mas pra quem come tudo errado, é o começo de uma mudança que vai durar a vida inteira e é este o meu propósito!

Bom... como já contei o que aconteceu até aqui, os próximos relatos vão ser diários mesmo. Tomara que tenha público, gordo ou magro, para o meu blog, porque é muito legal poder dividir a experiência com pessoas interessadas. Pelo menos, penso que, na condição de tantas expectativas, gostaria de ler algo semelhante ao que agora escrevo.

E é isso... hoje não tenho programação “hospitalar” porque a nutricionista fez a caridade de me atender ontem, assim vou ter tempo para caminhar, o que também é recomendação médica. Segundo ele é a preparação para o estresse cirúrgico! Mandou, a gente obedece!

Então tá...
Beijo grande!
Thaisa

Um comentário:

  1. Thaisa... Que lindo. Meu nome é Liza. Também sou scrapper, também sou loira e me preparo pra cirurgia, sou gorda (não também, né!?) :) Quem me passou seu blog foi a Carol Baiocchi... Minha amiga linda, também amiga sua! :) Estou animadíssima com essa quantidade de "tambéns" porque eu, também, "quero traçar um final feliz para a minha vida!"... Me emocionei com o pouco que já li. Continuarei a leitura. Parabéns pela sua coragem. Beijos, Liza.

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